FONTE: MB
por Guilherme Wiltgen –
A Portaria nº 270/MB, divulgada na quarta-feira (1º) pela Marinha do Brasil (MB), reforça o compromisso da Força com a igualdade entre mulheres e homens em suas fileiras.
Com a atualização das diretrizes publicadas em 2020, a MB se torna a primeira entre as Forças Armadas brasileiras a permitir a atuação plena de militares do sexo feminino em todos os setores, incluindo operação de submarinos, mergulho e Operações Especiais.
Essa mudança garante igualdade com os pares masculinos, permitindo que as militares atuem em funções de alta exigência física, psicológica e técnica, que representam alguns dos maiores desafios da carreira militar.
Desde então, a Marinha vem se destacando como pioneira na integração feminina nas Forças Armadas, atuando nesse sentido desde 1980, quando criou o Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha.Desde aquele ano, a MB vem abrindo portas e derrubando barreiras: foi a primeira a promover uma mulher ao posto de Oficial-General (em 2012), criar a primeira turma de Aspirantes femininas na Escola Naval (2014), a mais antiga instituição de Ensino Superior do País; e admitir alunas mulheres no Colégio Naval (2023) e, mais recentemente, permitir a atuação irrestrita das militares em todos os setores operativos da Força.
Preparada para tudo
A Soldado (Fuzileiro Naval) Stephany Victória da Silva, que serve no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), aproveitará o novo cenário de inclusão proporcionado pela Marinha para seguir se especializando. Com vibração e garra, ela já concluiu o Pré-Teste de Aptidão Física e pleiteia uma vaga no Estágio de Qualificação Técnica Especial de Operações Especiais (E-QTEsp-OpEsp), que será conduzido pela Escola de Operações Especiais do Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (CIASC), previsto para ocorrer de 2 de março a 17 de abril de 2026, no Rio de Janeiro (RJ).
O curso, que possui uma das mais altas exigências físicas e psicológicas do País, tem por finalidade habilitar Cabos e Soldados Fuzileiros Navais para auxiliarem os Comandos Anfíbios (ComAnf) – tropa de elite da Força – no planejamento e execução das operações de alta complexidade.
“Embora ainda não tenha uma referência direta de uma mulher que tenha realizado este curso, estou ciente de que ele exigirá grande preparo físico e psicológico. Reconheço as diferenças fisiológicas entre homens e mulheres, mas encaro isso como um desafio a ser superado, com esforço, dedicação e disciplina, a fim de cumprir todas as exigências previstas.
Minha expectativa é superar meus próprios limites, crescer profissionalmente e mostrar que é possível manter o alto padrão do curso sem que minha presença comprometa sua mística, tradição ou nível de exigência”, afirmou a Soldado (Fuzileiro Naval) Stephany.
O conteúdo do estágio contempla instruções de preparação física de combate (com destaque para atividades aquáticas e marchas), primeiros socorros em ambiente tático, orientação e topografia, patrulhas de combate e reconhecimento, armamento e tiro (montagem, desmontagem e emprego de armas leves do Corpo de Fuzileiros Navais), além de nós e voltas, comunicações, equipamentos de visão noturna e técnicas de infiltração. Concluindo as seis semanas de instruções e práticas, os militares são movimentados para o Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais (BtlOpEspFuzNav).
Mulheres do ar
Duas Oficiais da Marinha, oriundas da Escola Naval, querem realizar o feito inédito de se tornarem Aviadoras Navais. A Segundo-Tenente (Fuzileiro Naval) Helena de Souza Monteiro Moraes e a Segundo-Tenente Isabela Ferreira de Amorim foram as primeiras militares mulheres a iniciar o Curso de Aperfeiçoamento de Aviação para Oficiais (CAAvO), iniciado em 25 de fevereiro, no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira (CIAAN), em São Pedro da Aldeia (RJ). A missão é intensa e, para iniciá-la, foi necessário ter tido uma graduação de destaque no ensino superior ofertado pela Marinha.
A parte teórica do curso é realizada no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira (CIAAN), e a prática no 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (EsqdHI-1).
A formação prevê estágios de manobras básicas (Alfa), manobras avançadas (Bravo), navegação por contato (Charlie), voo por instrumentos básico (Delta), rádio-instrumentos (Echo), navegação por instrumentos (Foxtrot), formatura (Golf), emprego de armamento (Hotel) e emprego geral (Índia).
Ao concluir com sucesso a jornada, que também inclui dois voos solo (Alfa e Bravo), elas certamente servirão de inspiração para novas aviadoras.
“Antes de ingressar na Escola Naval, em 2019, tive contato com a aviação em uma atividade que participei na minha cidade de nascimento, Santa Cruz (RJ), que envolveu controladores de voo. Aquilo me chamou muito a atenção. Como fui a 17ª colocada de uma turma de mais de 120 militares, tive a oportunidade de me inscrever no curso, justamente por conta desta antiguidade. Após cumprir o teste físico, psicológico e os exames médicos, segui para as demais etapas. Já cumpri a Alfa e Bravo, e estou me preparando para a Charlie”, explicou a Segundo-Tenente Isabela Ferreira.
Segundo ela, a Marinha oferece infinitas oportunidades para os militares, independente de sexo ou origem. “Ela não faz distinção de classificação durante os cursos de formação, por exemplo, a mulher que quiser escolher qualquer caminho por aqui precisa se esforçar igualmente. Assim, realizará seu sonho. De todas essas oportunidades, o esforço é premiado com a possibilidade de escolher as que mais nos interessam”, completou.