Casal de Brasília enfrentou diagnósticos de câncer em períodos próximos e manteve união durante cirurgias, radioterapia e mastectomia
O primeiro câncer
Orlian começou a correr após o diagnóstico de gordura no fígado, há 13 anos. “Estava com 100 kg e sob orientação do médico e com o incentivo de minha esposa, que já corria, comecei a praticar corridas de rua”, afirma o aposentado.
O avanço no esporte levou Orlian a começar a se preparar para uma das maiores provas de corrida de Brasília, a Volta do Lago, de 100 km de extensão. Para isso, ele reforçou os exames de check-up e foi em um teste de sangue que apareceu o indício do câncer: o PSA muito elevado.
Ele foi encaminhado ao urologista Ricardo Ferro, no Hospital Brasília, que confirmou o câncer de próstata. “Não tinha nenhum sintoma, me sentia ótimo. Soube que com o tratamento adequado eu poderia continuar com minha rotina e decidi fazer uma cirurgia robótica ao saber da precisão deste tipo de intervenção”, lembra.

O tratamento
Segundo o urologista, é comum que casos iniciais de tumores na próstata não tragam nenhum sintoma. “Por isso recomendamos, de modo geral, para homens a partir dos 50 anos realizarem exames de PSA e o de toque retal para fazer os acompanhamentos médicos”, afirma.
Ferro destaca que a cirurgia robótica é o método com maior controle definitivo para casos de tumores intermediários ou pequenos. “É possível usá-la como único tratamento e graças à sua precisão é uma técnica que proporciona recuperação mais rápida e preserva as funções urinária e sexual, que são fundamentais para o bem-estar do homem”, explica.
A recuperação foi tão rápida que permitiu ao aposentado voltar aos treinos em 12 dias e manter a rotina ativa. Entretanto, dois anos depois, em 2020, fazendo o exame de PSA de acompanhamento, foi detectado que a doença havia retornado de forma localizada.
O retorno da doença modificou o quadro de Orlian. Ele teve de fazer 33 sessões de radioterapia. “Foi um impacto emocional grande ver a doença voltar. Mas ao mesmo tempo, graças ao acompanhamento eu já entendia melhor o processo, o que me deu força e segurança para seguir com o tratamento novamente”, diz.
Força seria mesmo necessária já que enquanto ele passava pelo tratamento, Edneuza recebeu o diagnóstico de câncer de mama, também durante um check-up.
“O tumor dela foi encontrado em uma mamografia de rotina e quando o resultado saiu, a médica preferiu fazer a mastectomia. Foi um momento muito difícil, pois coincidiu justamente com o período em que eu também retornava ao tratamento com radioterapia”, lembra Orlian.
Além dos desafios de ambos enfrentarem tumores ao mesmo tempo, o momento sanitário do país era um dos mais desafiadores da história, com a pandemia de Covid-19 levando a isolamentos e aumentando os riscos para ambos, que estavam imunocomprometidos.

Relação fortalecida pelas rotinas de cuidado
Ambos atravessaram bem o período de cuidados com as doenças e hoje, cinco anos depois, comemoram ainda a remissão completa dos cânceres. Ambos permanecem fazendo acompanhamentos regulares e mantendo os exames em dia para evitar novas surpresas.
A atividade física teve papel central na recuperação. Mesmo nos períodos de tratamento, Orlian seguiu treinos e ampliou metas. Ele e a esposa fizeram fisioterapias para evitar complicações e afirmam que os exercícios foram decisivos para estabilidade física e mental.
Agora Orlian quer alcançar voos maiores e planeja começar a disputar provas de triatlo. “O Orlian mostra que detectar precocemente e tratar com tecnologia e acompanhamento multidisciplinar faz toda a diferença. Ele é um exemplo de superação e de como cuidar da saúde masculina é um ato de amor à vida”, conclui Ricardo Ferro.