Lula levou Joesley Batista para firmar acordo com a Indonésia para ampliar negócios da JBS. (Foto: Reprodução/YouTube/CanalGov)
Entidade diz que impunidade não incentivaria “políticos e empresários corruptos” a mudarem suas práticas
Davi Soares –
A Transparência Internacional – Brasil repudiou a presença cativa dos irmãos Joesley e Wesley Batista nas comitivas oficiais de viagens internacionais do presidente Lula (PT), inclusive na visita à Indonésia que ocorre nesta semana. A entidade questiona qual incentivo de políticos e empresários corruptos de mudarem suas práticas, ao chamar a dupla que comanda a JBS de “criminosos confessos”.
Outro motivo de indignação da Transparência Internacional foi o fato de a JBS ter escalado José Carlos Grubisich para chefiar a companhia em Jarcarta e acompanhar Joesley Batista para assinatura de três acordos (em memorando de entendimento) com fundo e empresas estatais da Indonésia, para explorar setores do agronegócio e energia nos setores elétrico e de petróleo e gás, além da produção de proteína, a exemplo de aves, ovo e pescados (salmão), carne bovina, suínos, processados, bacon e presunto.
“Criminosos confessos de um dos maiores esquemas de corrupção da história e praticamente impunes, os Batistas são os campeões nacionais de Lula que têm lugar cativo em suas comitivas pelo mundo. Em Jacarta, chefiará a JBS José Grubisich, que esteve preso nos EUA por corrupção. Qual o incentivo de políticos e empresários corruptos mudarem suas práticas quando há total impunidade?”, disparou a Transparência Internacional – Brasil.
“Fizemos oito acordos aqui. Tem uma perspectiva extraordinária em várias atividades e acho que os ministros saem otimistas. Eu saio otimista”, disse Lula.
Os Batistas faturaram acordos entre a JBS e a PT Danantara Investment Management (fundo da Indonésia que gerencia e otimiza investimentos estatais e impulsiona o crescimento econômico); entre a J&F e a PT Perusahaan Listrik Negara (estatal indonésia de geração, transmissão e distribuição de eletricidade), e entre a Fluxus (ramo petrolífero da J&F) e a Pertamina (estatal de petróleo e gás da Indonésia).
Corrupção e leniência
Além dos acordos com a Indonésia, o Grupo J&F dos Batista costura com a Controladoria-Geral da União (CGU), sob o governo Lula, um novo acordo de leniência relativo à corrupção confessada pela companhia no âmbito da Operação Grrenfield. A investigação apontou que um contrato de R$ 190 milhões foi firmado para mascarar propina a um empresário concorrente, para impedir que este revelasse o esquema algo da operação.
Em 2017, Joesley Batista chegou a relatar às autoridades ter repassado US$ 150 milhões em propina para Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff, mediante depósitos em contas distintas no exterior. O caso não avançou em relação aos petistas, apesar de Lula ter sido e preso por 580 dias, entre 2018 e 2019, após ser condenado a 8 anos e 10 meses de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro, nos casos do Triplex do Guarujá e do Sítio de Atibaia. Pena que foi anulada em 2021, pelo STF, que identificou abusos e ilegalidades no processo.
Em processo que tramitou sob sigilo, os irmãos Wesley e Joesley Batista, concordaram, em 2020, em cumprir prisão domiciliar e pagar multa de R$ 1 bilhão, para manter a delação pactuada em 2017 com a Procuradoria-Geral da República (PGR). A repactuação foi homologada pelo ministro Luiz Edson Fachin, no STF.