Lula se vinga de derrota na MP do IOF demitindo indicados

Esplanada dos Ministérios, em Brasília – Foto: Ana Volpe/ Agência Senado

Planalto havia alertado que a votação seria um teste de lealdade, com exonerações para os infiéis

Rodrigo Vilela –

O governo Lula (PT) começou a demitir, nesta sexta-feira (10), indicados políticos ligados a deputados que votaram contra a Medida Provisória (MP) que previa aumento de impostos para 2026. A MP, que buscava arrecadar R$ 20 bilhões para evitar cortes no Orçamento eleitoral, foi rejeitada pela Câmara na quarta-feira (8) por 251 votos a 193, resultando em um bloqueio de recursos em 2025 e um rombo de R$ 35 bilhões em 2026. O Planalto havia alertado que a votação seria um teste de lealdade, com exonerações para os infiéis.

As demissões atingiram cinco superintendentes regionais, publicadas no Diário Oficial da União: no Ministério da Agricultura, nos estados do Pará, Paraná, Minas Gerais e Maranhão; e no Ministério dos Transportes, a superintendente do DNIT em Roraima. Em estatais como Caixa Econômica Federal e Correios, cargos de assessoria e administração regional também foram cortados, sem publicação oficial. Na Caixa, foram demitidos Rodrigo de Lemos Lopes, ligado ao deputado Altineu Côrtes, e José Trabulo Junior, aliado de Ciro Nogueira.

Os alvos incluem indicados de partidos do centrão, como PSD, MDB, PP e União Brasil, cujas bancadas se dividiram na votação. No PSD, 18 deputados contrariaram a orientação do presidente Gilberto Kassab; no MDB, 14 foram contra, apesar do apoio oficial ao governo. Líderes do PSD criticaram as exonerações como “pouco inteligentes”, destacando que a sigla foi a segunda maior apoiadora da MP, atrás do PT. PP e União Brasil, que romperam com o governo em setembro, mantêm influência em estatais.

A ofensiva busca punir deslealdades e fortalecer aliados para 2026, em estratégia semelhante à de 2022, quando o governo priorizou o centrão leal. Apesar das retaliações, PP e PL ainda controlam cargos em entidades como Caixa e Correios. A derrota da MP intensifica o impasse orçamentário, obrigando o governo a buscar novas receitas ou cortes em meio à oposição, incluindo figuras como o governador Tarcísio de Freitas.

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