Câmara reúne mães atípicas e profissionais para audiência pública

Na noite de sexta-feira (23), ocorreu uma audiência pública com o tema: Mães atípicas, cuidando de quem cuida”, proposta pelo vereador Robson do Alinhamento, com aprovação dos demais parlamentares.

O objetivo foi dar visibilidade às dificuldades enfrentadas por mães que se dedicam, integralmente, ao cuidado dos filhos com deficiência ou transtornos do neurodesenvolvimento, sendo uma oportunidade para dialogar com profissionais, sociedade civil e representantes do poder público sobre a criação e o fortalecimento de políticas públicas que ofereçam suporte não apenas às pessoas com deficiência, mas também às suas cuidadoras.

Na oportunidade, o presidente da Câmara, vereador Tonhão, voltou a afirmar o compromisso de todos os vereadores, com investimentos para atendimento e tratamento de indivíduos com TEA (Transtorno do Espectro Autista). No caso, a economia que vem sendo feita do duodécimo da Câmara – que pode chegar a R$ 10 milhões– para ser devolvido a Prefeitura e investido em ações e serviços que possam contemplar os autistas e suas famílias.

O vereador Marco Silva também participou e compôs a Mesa de Autoridades

Maria de Jesus iniciou as palestras da noite, afirmando que como profissional, psicopedagoga, tem um trabalho que exige informação e acolhimento. Ela citou que as mães atípicas passam invisíveis, na sociedade. “Trago aqui hoje, questionamentos como: o que leva esta mãe ficar tão exausta? Quem são as mães atípicas?”, ressaltou.

Ao propor tais reflexões, ela citou alguns tópicos, relacionados a temática: rede de apoio/ luta pelos direitos; a falta do autocuidado; exercer diversas funções, no trabalho, em casa. “Então, são grandes as dificuldades dessa mãe. E, deixo esses temas para reflexão desta Casa”, enfatizou.

Na sequência, houve a fala da psicóloga Paola Prado, que atua na área clínica. “É um tema de suma importância em várias áreas da nossa vida, o cuidando de quem cuida”, frisou. Ela destacou os impactos da rotina das mães atípicas, ao longo da vida, com um estresse diário, citou as renúncias da vida profissional, ”tendo que parar tudo, para cuidar do seu filho”, muitas “mães solo”. Ao final, ela chamou atenção para a responsabilidade, enquanto sociedade e citou a palavra “empatia” e ser suporte, lembrando ainda as mães atípicas que elas precisam pedir ajudar, buscar redes de apoio, cuidar de si, para bem cuidar do filho. “Tenha um olhar para si e veja o quanto você é importante. E se quer cuidar do filho com excelência, cuide de si”.

Nadir Vilalva, ativista pela ampliação de políticas públicas e serviços especializados e coordenadora do Prodtea, falou do contexto de atendimentos de Três Lagoas e mencionou a falta de representantes da secretaria municipal de saúde e assistência social, na audiência. Ela ainda frisou a necessidade de acolhimento das famílias que buscam serviços no SUS, como na Clínica da Criança e apresentou algumas solicitações em prol das mães: terapias (individuais ou em grupo) e permissão para acompanhar atendimento/ terapias, uma vez por mês. “Ao mesmo tempo que as crianças estão sendo atendidas, a gente também pode ser atendida. É preciso entender que os profissionais e as famílias têm um objetivo só”.

Outras unidades de saúde como Clínica de Saúde Mental e o CAPS foram citados por Nadir, que necessitariam de melhor formação dos profissionais para atender indivíduos com TEA. “Antes das terapias, nós precisamos de mudança de mentalidade”, citou.

Sugestões de ações que podem ser feitas por profissionais como: psicomotricistas e fisioterapeutas, que somariam muito na rede de serviços já existentes, treinamento para professoras de apoio e utilização de ats, que já está em ambiente escolar, no processo de aprendizagem, também foram lembrados pela ativista.

A advogada Tainá Santos de Oliveira falou sobre Direito e Autismo e além de um contexto referente ao atuais direitos das mães e dos filhos, lembrou que conversas entre mães, sociedade e poder público, como foi a audiência pública, são de suma importância. “Não desistam dos direitos de vocês e dos filhos de vocês. Vocês sabem da luta de vocês, das famílias de vocês. Não é uma utopia achar que as coisas possam melhorar”.

Magali de Paula França Varela falou durante o chamado “Momento Mães Atípicas”. Ela mencionou a trajetória dela com o filho e enquanto educadora e propôs medidas como: espaço para integração trocas; horário reduzido; atividade “autista na bike”.

Com o tema “Acolhimento para quem cuida”, a mãe atípica e psicóloga, Raffani Marques pontuou sobre as ajudas possíveis, para as mães, no dia a dia, como por exemplo, no mercado, na feira. ”Às vezes você não vai mudar o mundo, mas você pode mudar suas atitudes e dizer: o que eu posso te ajudar? O que eu posso fazer?”

A psicologia infantil Vivian de Jesus Correia e Silva também reforçou as ajudas necessárias, especificamente, de forma financeira e através de oportunidades de trabalho para as mães atípicas, que são profissionais, ela fez um relato pessoal, neste sentido. “Por isso, a gente leva para a natação, para o jiu-jitsu. Se eu não tivesse todo o preparo que eu tenho, hoje, eu estaria apanhando. A gente está comprometendo a sociedade inteira. Os casos estão aumentando. E isso não é no Brasil é no mundo”, desabafou.

Finalizando, o vereador Robson do Alinhamento agradeceu pela oportunidade e todos os participantes. “Foi de muita importância esta audiência pública, para conhecermos as necessidades e dificuldades atípicas. Saímos com ideias com a realidade das mães atípicas”, enfatizou.

 

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